Entenda as diferenças e o que fazer em cada uma das situações...
Não são todos os pais que sabem identificar alergia ao leite e intolerância à lactose. Embora o “culpado” seja o mesmo - o leite - há diferenças entre os dois problemas.
A alergia ao leite é uma resposta imunológica do organismo à proteína do leite, que pode ser de vaca, de cabra, de búfala. Ou seja, o organismo entende essa proteína como um agente estranho que precisa ser combatido e desencadeia reações alérgicas, como: diarréia, urticária, sintomas respiratórios (como asma) e até febre.
“Esse quadro acontece principalmente quando as crianças são pequenas, deixam de tomar o leite da mãe, algumas vezes precocemente, e passam para outro leite”, diz Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein. Isso porque o intestino da criança ainda não está preparado para receber esse tipo de proteína.
O que fazer
Se os pais perceberem esses sintomas na criança, deve consultar um especialista para fazer o diagnóstico exato. “É preciso identificar a proteína a que a criança é alérgica. Ela pode ter reação não somente à do leite de vaca, mas também de outros leites, como o de cabra, por exemplo”, diz Silvia Cristina Ramos, nutricionista clínica do Instituto de Metabolismo e Nutrição, de São Paulo. Após o resultado, é preciso excluir totalmente a proteína da dieta da criança.
Intolerância à lactose
Diferente da alergia ao leite, quando o organismo produz substâncias para “combater” a proteína do leite, a intolerância à lactose é a falta ou deficiência da produção de uma enzima chamada lactase, que serve para digerir a lactose (o açúcar do leite).
Quando não absorvida, ela é fermentada por bactérias do intestino grosso levando à diarréia - o sintoma mais característico da intolerância. A intolerância pode acontecer a qualquer momento, e se agravar na vida adulta.
O que fazer
A intolerância é mais fácil de ser resolvida do que a alergia ao leite. Há casos em que não é preciso excluir totalmente a lactose da dieta da criança. Leites e derivados com baixo teor de lactose já resolvem o problema. Consultar um especialista é fundamental para avaliar o grau da intolerância.. Nos dois casos, porém, é preciso fazer o diagnóstico o quanto antes, para não levar à desnutrição da criança.
Os pais precisam ficar atentos aos rótulos dos produtos comprados e deixar a criança e quem cuida dela cientes do problema. É preciso também fazer o acompanhamento de peso e estatura mensal, para observar se o seu desenvolvimento está normal.
Para cada criança, um tipo de leite
Conheça as principais diferenças e decida qual o mais adequado para o seu filho...
É só olhar para as prateleiras dos supermercados lotadas de caixinhas de leite para as dúvidas começarem: qual o melhor tipo? As opções são tantas que comprar o produto mais indicado para seu filho torna-se um desafio. Leite de vaca, cabra, búfala, ovelha ou camela? Além da origem, há variações nos tipos e no teor de gordura.
O integral tem pelo menos 3%; o desnatado, no máximo 0,5%; e o semi-desnatado, um valor intermediário. A decisão de qual é melhor deve ser tomada com o pediatra. Segundo Cid Pinheiro, pediatra do Hospital São Luiz, a maioria das crianças consome leite de vaca integral. “O desnatado e o semi são recomendados para tratamentos de doenças específicas, como a obesidade.” O acréscimo de farinha láctea também deve ser feito com orientação médica. Veja, os tipos de leite mais comuns nos mercados:
Tantos leites...
Aromatizados: Como melhoram o aroma, podem ser uma alternativa quando as crianças rejeitam o leite. O produto, com cheiro de morango ou chocolate, por exemplo, parece um pouco escurecido. Novas marcas estão chegando ao mercado brasileiro. É necessário ter atenção para casos de alergia aos aditivos, especialmente corantes, se houver.
Hidrolisados: São especialmente recomendados para crianças com intolerância à lactose. Nelas, as enzimas digestivas não estão completas. Assim, aquela que falta para digerir a lactose já age no leite antes da ingestão. Os hidrolisados são tratados com enzimas para a quebra do açúcar do leite, facilitando a digestão.
Enriquecidos: Eles têm o objetivo de complementar a alimentação da criança com nutrientes importantes não encontrados no leite original ou para repor vitaminas. Podem ser com cálcio, ferro, fibras, ácidos graxos tipo ômega 3 ou 6 etc. O enriquecido com ferro, por exemplo, pode ser usado em qualquer faixa etária, mas até 2 anos é mais recomendado pelos pediatras por causa da necessidade maior deste mineral. Já os que apresentam ômega 3 ou 6 ajudam no metabolismo e são recomendáveis por conterem gordura de boa qualidade.
Em pó: É muito prático para passeios e viagens, já que é fácil de carregar e pode ser preparado na hora, sem necessidade de refrigeração. O produto é obtido por meio da secagem, preservando seus demais constituintes. Costuma ser mais consumido por crianças menores, justamente por ter uma fórmula mais balanceada e completa.
De soja: É indicado principalmente para quem tem algum tipo de intolerância a proteínas de origem animal. Sua fonte de proteína é vegetal, e não animal, como os demais leites, e acaba sendo uma opção de complemento alimentar.
Achocolatados: Não são necessários. Mas, se ainda assim você quiser dar, faça-o após o segundo ano de vida. Antes, podem aumentar o risco de alergia.
Consumo por idade
Abaixo segue uma referência da quantidade que as crianças devem consumir, mas ela pode variar. Segundo o pediatra Cid Pinheiro, do Hospital São Luíz, é preciso levar em conta a idade e informações como prematuridade ou não.
- 7 meses a 2 anos: 3 a 4 porções de 120 ml;
- 2 a 3 anos: 5 porções de 120 ml;
- 4 a 6 anos: 4 porções de 180 ml.
Fontes:
Daniela Tófoli, Thais Lazzeri e
Ana Paula Pontes
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